Antes de destacar esse antagonismo, vale ressaltar que não estou entrando no mérito de que a Psicanálise está certa ou errada, mas, simplesmente, distinguir perspectivas. Afinal de contas, cada abordagem possui a sua forma distinta de olhar o mesmo objeto de estudo: o homem.
A Psicanálise, constituída por Freud no início do século XX, deu ênfase ao inconsciente, uma instância do ser humano que remete às profundezas do nosso psiquismo. No entanto, a existência de um suposto inconsciente traz em si uma condição paradoxal: Como conceber um ser regido por conteúdos não conscientes? Como compatibilizar escolhas, ações, pensamentos e sentimentos com essa idéia? Será que somos “fantoches” desse inconsciente?
A Psicanálise, constituída por Freud no início do século XX, deu ênfase ao inconsciente, uma instância do ser humano que remete às profundezas do nosso psiquismo. No entanto, a existência de um suposto inconsciente traz em si uma condição paradoxal: Como conceber um ser regido por conteúdos não conscientes? Como compatibilizar escolhas, ações, pensamentos e sentimentos com essa idéia? Será que somos “fantoches” desse inconsciente?
Neste momento, surge outra questão essencial: Como estabelecer uma relação de responsabilidade quando pensamos que uma ação pode ser atribuída ao inconsciente? Nós somos ou não responsáveis por tudo que fazemos? Enfim, não é possível dissociar consciência de responsabilidade, tendo em vista que, necessariamente, caminham juntas. Estes questionamentos são apenas para reflexão e não possuem caráter conclusivo.
Talvez, o maior erro da Psicanálise tenha sido considerar o inconsciente como propriedade exclusiva dos psicanalistas. Fica muito forte a crença de que o método utilizado por essa abordagem psicológica é o único meio possível para acessar os conteúdos inconscientes. Será?
Diante do exposto, o foco da nossa busca não está mais centrado naquilo que está inacessível, mas em tudo que aparece e está ao nosso alcance. Com isso, não sofremos a angústia associada à impotência diante do inconsciente, “monstro” todo poderoso, capaz de dominar as ações, interferindo de forma decisiva nas nossas vidas.
A proposta da Gestalt-terapia vai na direção da consciência. Essa perspectiva se explicita nas palavras de Friederich Perls, num trecho do livro Ego, fome e agressão: “Minha recomendação é não lidar com o inconsciente, mas, até onde for possível, com o ego. Assim que um melhor funcionamento do ego é obtido, e a habilidade para se concentrar é restabelecida, o paciente estará mais disposto a cooperar na conquista do inconsciente.” Portanto, não entramos no mérito da existência ou inexistência do inconsciente, mas acreditamos que a abordagem gestáltica dá o devido valor a tudo que está acessível à consciência no aqui e agora.
No final das contas, não importa de que lugar do psiquismo vem tudo que emerge na consciência, mas o que escolhemos fazer com isso, ou seja, podemos concluir que a forma como lidamos com aquilo que surge na consciência é que determina a construção do nosso futuro a partir do momento presente. Aliás, a consciência só pode ser entendida no aqui e agora. Portanto, a perspectiva concreta disponível para o processo de mudança encontra-se, incontestavelmente, no presente.
Existem pessoas que não fazem contato com o seu estar no mundo e não se dão conta de sua trajetória. Outras percebem somente depois de terem efetuado os passos, enquanto algumas conseguem perceber no exato momento em que os passos estão sendo dados. Essa evolução é uma grande conquista. Agora, quando pensamos numa perspectiva de planejamento, ter consciência de todo o processo na elaboração das nossas escolhas é um diferencial importante. Neste estágio, passado e futuro se encontram majestosamente no presente, a partir da ampliação constante do nível de consciência.
A ampliação desse nível de consciência faz toda a diferença, mesmo se a pessoa se mantiver no mesmo lugar. Ela passa a ter uma dimensão cada vez maior do todo de sua existência, caracterizando uma imagem que gosto muito de usar: do sujeito assumindo, de forma consistente, as rédeas de sua vida. Isso é lindo e comovente, pois o caminho é traçado a partir do reconhecimento da sua condição de ser livre. Viva a liberdade!
Quais as conseqüências desse processo de ampliação de consciência? Isso é outra história....
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMaravilhoso, bem escrito e não só responde a pergunta que propõe, mas reformula e cria outras questões muito siginificativas, muito obrigada!
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